Hoje, vamos falar um pouco sobre essa atividade mundialmente famosa: ter uma coleção de selos postais – que está diretamente relacionada à Filatelia, o estudo de selos, mas não significa a mesma coisa.
Coleção de selos
O mais próximo que tenho à uma coleção de selos é a minha (humilde) coleção de cartões postais. Recentemente, encontrei a valiosa coleção de selos do meu pai e, após alguns minutos folheando os arquivos repletos de postais do mundo todo, senti vontade de escrever sobre isso.
Conhecer parte da história de vida do meu pai por meio da história dos selos foi algo fascinante para mim. Enquanto eu fazia algumas perguntas sobre onde ele comprava, quanto custava um selo comemorativo e qual era o sentimento em relação a isso tudo, ouvia frases do tipo “não coloca o dedo em cima”, “se for separar esses aí que estão grudados pega uma pinça”, “minha coleção é de respeito” e “já cheguei a economizar o salário de um mês inteiro nos anos 90 para ir comprar a edição especial de tal país”, e me dei conta de que não sabia quase nada desse mundo rico em detalhes.
A história da humanidade com a comunicação
Para começar a falar sobre coleção de selos, começamos pela história dos selos, que remonta à uma das habilidades instintivas dos seres humanos: a comunicação. Como já sabemos, com o desenvolvimento da escrita passamos a entalhar, gravar, esculpir, registrar, enfim, escrever nossos pensamentos, desejos, necessidades e questionamentos.
Nos tempos remotos, as cartas eram cunhadas em pedras e carregadas por escravos, ou seja, escrever e receber cartas foi, durante muito tempo, um privilégio. Antes dos rolos de papiro, passamos da pedra à argila – que foi o início do uso de selos para identificar a validade do que se desejava enviar.
O século XVI foi um marco nesse processo, em que o Imperador germânico Maximiliano I concedeu a Francisco Tasso o direito de transportar cartas. Isso se espalhou pela Europa Continental, excluindo, portanto, a Inglaterra.
O papel da Inglaterra e de Sir Rowland Hill
No sistema postal inglês, quem pagava pela carta era o destinatário, e não o remetente. Foi Sir Rowland Hill, em plena industrialização e surgimento de novas cidades, quem entendeu o que acontecia com muitas das cartas enviadas pelo país e seus habitantes: o destinatário simplesmente se recusava a pagar a taxa e, consequentemente, nem chegava a abrir a carta.
Então, em 3 de dezembro de 1839, iniciava-se a reforma postal inglesa: o remetente pagava a carta e, como recibo de seu pagamento, recebia um selo para colar no envelope, juntamente com o endereço de origem e a data. Menos de seis meses depois, emite-se o primeiro selo: era todo preto, custava 1 penny e estampava a rainha Vitória.
E no Brasil, quando chegaram os selos postais?
Seguindo a linha do tempo histórica, o Brasil institui os selos em 1841. E por que será que foi tão próximo à instituição na Inglaterra? Porque essa era a época da Pax Britannica, período de expansão do Império Britânico, em que o país liderava as navegações, avanços industriais e colonizações, além de “ditar moda” para o resto do mundo.
E aqui reside a motivação para o post: os selos de 30, 60 e 90 réis, para os quais encontrei a edição comemorativa na coleção de selos do meu pai. Os dois primeiros valores eram pagos para qualquer carta dentro do país; o último, para cartas destinadas ao exterior.
Na época, foram necessários dois anos até que o primeiro selo fosse emitido, em 1º de agosto de 1843, que ficou conhecido como “Olho-de-boi”. A ideia inicial era também estampar seu monarca, o Imperador D. Pedro II, mas as máquinas da Casa da Moeda não eram tecnológicas o suficiente para isso.
Tivemos algumas outras séries, tais como “Inclinados”, “Olhos-de-cabra” e “Olhos-de-gato” até que, em 1866, D. Pedro II tem sua imagem representada no que viria a ser o primeiro selo picotado. Doze anos mais tarde, surge o primeiro selo brasileiro em duas cores e, a partir dessa época, as edições e séries comemorativas ganham espaço e cada vez mais cores.
A primeira série comemorativa do Brasil
Para homenagear nossos 400 anos de descobrimento (ou colonização portuguesa), inaugura-se a primeira série comemorativa do Brasil, em 1900, considerada pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos o início de uma nova era de comunicação baseada no pagamento de taxas e recebimento de recibos (os próprios selos).
Essa série trazia imagens relacionadas à chegada dos portugueses ao Brasil, as quais deram força ao movimento filatélico do país. Assim como fazemos aqui no nosso blog, os selos também eram capazes de transportar cultura, história e marcos dos mais diversos países para o mundo todo.
Da história à coleção
Sem dúvidas, toda coleção “de respeito” tem um valor intrínseco esperando para ser descoberto. Aqui, falando de selos, acredito que não seja possível dissociá-los de alguém que curte muito viajar, ler, estudar e recordar. Mas não se engane: não basta apenas comprá-los! Para cuidar de uma coleção dessas, é preciso, no mínimo, de uma pinça-filatélica, um álbum ou classificador, uma lupa e bastante paciência.
Além de comprar, a maneira mais antiga de conseguir selos é guardar aqueles que vêm nas nossas correspondências ou trocar com outras pessoas. Para quem deseja levar o assunto mais a sério, recomendo procurar uma Associação ou Clube Filatélico, em que se pode trocar selos e aprender ainda mais sobre essa atividade repleta de história.
Das cartas aos e-mails…
Atualmente, sabemos que é muito mais raro enviar e receber cartas – como diz a minha mãe “tá tudo muito tecnológico”. É claro que não vivemos, nem viveremos, em uma sociedade que troca cartas como se fazia antes, mas isso não significa que colecionar pedacinhos coloridos de papel não tenha o seu devido valor.
Há seis anos, durante um intercâmbio, fiquei muito amiga de uma menina da Alemanha. Também há seis anos, trocamos cartões postais. Quem sabe você consegue encontrar alguém para cultivar um hobby das antigas em conjunto? Se quiser alguma inspiração, dá uma olhadinha nesta história que encontramos, clicando neste link. Por aqui, guardamos tudo com muito carinho.
Ficou com vontade de conhecer culturas diferentes? Dá uma olhada nesta seleção de museus que fizemos para você e aproveite para planejar a sua próxima viagem. Já vai pensando para quem você mandaria um cartão postal ou carta, combinado?